ATA DA DÉCIMA SÉTIMA REUNIÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA EM 27.12.1995.

 


Aos vinte e sete dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e cinco reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clovis Ilgenfritz, Darci Campani, Edi Morelli, Geraldo de Matos Filho, Isaac Ainhorn, João Dib, Jocelin Azambuja, Lauro Hagemann, Luiz Negrinho, Mário Fraga, Reginaldo Pujol, Titulares, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Luiz Braz, Nereu D’Ávila e Pedro Américo Leal, Não Titulares. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Décima Sexta Reunião Ordinária. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 1018/95, do Ministro da Saúde, 1041/95, da Senadora Emília Fernandes; Telegramas da Senadora Emília Fernandes e do Governador Antônio Britto. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib comentou o transbordamento do Arroio Dilúvio em virtude das últimas chuvas, criticando o Executivo Municipal pela sua negligência em desassorear o leito daquele arroio. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Mário Fraga comentou a dificuldade de travessia dos pedestres na Avenida 24 de Outubro com a Rua Doutor Timóteo. O Vereador João Dib discorreu sobre os aspectos críticos do trânsito da Cidade, reportando-se, também, à compra de prédio pelo Executivo Municipal na Rua dos Andradas sem prévia autorização desta Casa. O Vereador Darci Campani reportou-se ao pronunciamento do Vereador João Dib, discorrendo sobre o Orçamento Participativo e sobre a aceitação das duas últimas administrações pela população de Porto Alegre. O Vereador Artur Zanella comentou o transcurso do ano legislativo, reportando-se à urgência dos projetos votados assodadamente e, também, à necessidade de maior discussão sobre o Plano Diretor da Cidade. O Vereador Jocelin Azambuja criticou a aprovação da taxa de iluminação por esta Casa, dizendo que isso abre um precedente para que os demais municípios implementem mais encargo para os contribuintes. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER o Vereador Luiz Braz, comentando os danos causados pelas últimas chuvas, teceu considerações sobre os gastos em publicidade feitos pelo Executivo Municipal. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Reginaldo Pujol estabeleceu contraponto entre os estragos causados à Cidade pelas últimas chuvas e a farta publicidade positiva vinculada pela Administração Municipal. O Vereador Isaac Ainhorn comentou e avaliou o ano legislativo que se encerra, tecendo considerações sobre a importância desta Casa na solução de problemas prementes da Cidade. O Vereador Dilamar Machado discorreu sobre as tarefas deste Legislativo para com a Cidade, reportando-se à recuperação da faixa portuária da Cidade, bem como sobre a necessidade de reestruturação do centro de Porto Alegre. Às onze horas e quatorze minutos nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Airto Ferronato, Mário Fraga e Geraldo de Matos Filho e secretariados pelo Vereador Geraldo de Matos Filho. Do que eu, Geraldo de Matos Filho, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Geraldo de Matos Filho): Há quórum, estão abertos os trabalhos. Tempo de Líder com o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nada como um dia após o outro. Há muito tempo eu tenho alertado que o Arroio Dilúvio transbordaria e isso aconteceu na véspera de Natal. Foi uma coisa horrorosa e que se deve, integralmente, à incúria das administrações que me sucederam na Prefeitura. Alertei em 1986 que a retirada da grama e outras raízes e terra do talude lançada no Arroio iriam causar o que terminou acontecendo, o transbordamento do Arroio. Essa retirada para mostrar o talude bonitinho continuou até há pouco tempo e a dragagem não se faz mais. A que está sendo feita é irrisória, mas se fez em cima dela muita publicidade e se colocou até uma draga que alguns diziam draguinha, porque não retirava nada do Arroio. Agora precisa um trabalho muito intenso para retirar o avanço da proteção das paredes do Arroio em direção ao meio de mais ou menos um quilômetro de distância por três ou quatro metros de largura.

O Rio Grande do Sul sofreu uma seca muito grande, o gado passou fome por causa do pasto, mas nunca faltou pasto para os animais, os muares que puxam carroças nesta Cidade, ali, no Arroio Dilúvio. Sempre teve, porque as administrações jogaram terra com sementes num lado maravilhoso, um caldo de cultura inigualável. Só o Nilo tem igual, mas não tem o ano todo. Secou tudo, mas ali não secou. No início deste ano eu dizia que o Arroio ia transbordar e alguém aqui entendeu de me dar uma aula como assoreava o arroio, como se eu não soubesse. Eu acompanho o Arroio Dilúvio há algumas décadas. Em 1963 transbordou na Azenha, mas foi questão de segundos e foi água que saiu sobre a ponte, mas foi segundos. Mas agora, quanto àquilo que ocorreu na Silva Só com a Av. Ipiranga, foi a incúria, foi a imprevisão, foi o desleixo, foi o desrespeito àqueles que anunciavam que ia acontecer. E aqui nesta tribuna eu era criticado, porque eu não sabia como assoreava, que era terra que o Arroio Dilúvio trazia das suas nascentes; terras que seriam levadas ao rio Guaíba, sem dúvida nenhuma, como acontece com rios, inteiros, que levam água mar a dentro, mas que era represada, que era retirada por raízes fortes que estavam plantadas pelas administrações que me sucederam.

Isso aconteceu e vai acontecer de novo, sem dúvida nenhuma, se não tiverem o cuidado com a dragagem que tem que ser em uma blitz intensa, forte, para que o arroio recupere o seu leito que está todo ele assoreado. E também já disse aqui desta tribuna que vai haver deslizamento nos morros. E eu tenho para mim que somente com patrolas se faria aquelas ruas que sobem o morro da Glória, em linha reta, nada de curva de nível. E é assim que acontecem os acidentes: a chuva bem forte vai lavando a terra, vai retirando a segurança das árvores e das raízes que ali estavam plantadas. Eu vi na Alemanha diques de terra mantidos com o plantio de grama de raiz curta. Aqui se retira tudo e eu acho que máquinas da Prefeitura, porque se não era da Prefeitura, a Prefeitura tinha que ter visto e impedido. Os morros de Porto Alegre vão fazer, o mesmo que os morros do Rio de Janeiro, vão descer e maltratar muita gente nesta Cidade, porque de novo a incompetência está instalada, apesar das camionetes que estão lá com belíssimos "lay-out": Mais cidade, mais cidadania, Administração Popular. Veículos para área de risco. O risco está aí nos morros. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

Com a palavra o Ver. Mário Fraga.

 

O SR. MÁRIO FRAGA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nessa Reunião da Comissão Representativa gostaria de fazer uma comunicação, em virtude do que já havia falado. Hoje está aqui só o Ver. Darci Campani, Vice-Líder, da Administração Popular, bem representada. Vou falar sobre a Administração. Recebi um ofício da Cia. de Seguros CIACOR, da Dr. Timóteo, sobre o que havia falado há duas semanas, do cruzamento da Dr. Timóteo com a Av. 24 de outubro. Gostaria que V. Exa. fizesse um comunicado à Secretaria Municipal dos Transportes pois houve mais um atropelamento ali, graças a Deus não houve vítima fatal. Mas, ali, na Dr. Timóteo com a 24 de Outubro está impossível de um pedestre atravessar. Por causa das lotações, diz o Ver. João Dib.

Estive lá na sexta-feira, e realmente tem uma sinaleira para atravessar a Dr. Timóteo com a 24 de Outubro que fica ligada 8 segundos, Ver. João Dib, Ver. Darci Campani. Fiz uma média, ela fica ligada de 8 a 12 segundos, ela não tem o tempo certo para ficar ligada a sinaleira de pedestres, onde diz "pedestre siga". Ela fica 8s em média ligada para o pedestre atravessar. É praticamente impossível atravessar naquele movimento. E quando libera, o carro vem do Parcão para pegar a Dr. Timóteo numa velocidade de 80 km/h no mínimo, que é normal, não é que o motorista seja um louco, é que ele pega o embalo da lomba para atravessar a sinaleira e passa voando para a Dr. Timóteo.

Neste sentido gostaria, Ver. Darci Campani, que é o representante da Administração Popular, Vice-Líder da Casa, gostaria que fosse solicitado, pois vou bater em cima disto todo o processo, até que seja feito alguma coisa, ou no mínimo aumentado o tempo. Reconheço que é um lugar difícil, de confluência muito grande de tráfego de automóveis, tem que fazer um estudo mais aprofundado, mas esse tempo de sinaleira de 8 segundos a 12 segundos - fiquei parado lá um bom tempo marcando no cronômetro - é difícil de acreditar.

Gostaria também de me referir novamente ao Bairro Belém Novo. O temporal de 15 de novembro deixou marcas e elas estão lá. Ver. Darci Campani, que está representando a Administração Popular, na Rua Barão de Santo Ângelo que é a rua da estação de bombeiros, onde eles se deslocam para todos os lugares da Zona Sul, tem uma parte que está praticamente impossível de trafegar. O lado esquerdo da pista que desce tem uma cratera de uns 40m de comprimento por 1m de largura e 1m de profundidade, isso no meio da rua, isso que a rua não é asfaltada, apenas tem saibramento. Na Rua Florêncio Farias esquina com a Praça Paula de Oliveira Maciel também há uma cratera só que numa proporção menor, 20m de comprimento.

Quero deixar bem registrado aqui esses dois assuntos que podem tirar uma vida, principalmente esse da 24 de Outubro. Já falei há 15 dias, Dr. Timóteo com 24 de Outubro e ontem recebi um ofício dizendo que estão colhendo assinaturas para mandar um abaixo-assinado o qual vou remeter à SMT e também vou ficar batendo aqui na nossa Comissão Representativa porque é um assunto, que não gostaria de debater, mas que vou continuar tratando aqui até que a SMT faça alguma coisa. Estive no local, ninguém me contou. É impossível atravessar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Negrinho está com a palavra. Ausente. Ver. Lauro Hagemann. Desiste. Ver. Jocelin Azambuja. Ausente. O Ver. João Dib está com a palavra por 10 minutos.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu digo sempre desta tribuna que a lei deve ser clara, precisa, concisa e respeitada. E muito mais respeitada deve ser a lei por quem a propõe. Estou falando na proposição prefeitural, do Executivo, da Secretaria Municipal dos Transportes para estabelecer parada para os lotações, que não está sendo cumprida e tem, no mínimo, um ano de vigência. Uma lei que teve uma parte burra, muito burra, porque o Código Nacional de Trânsito é claro, quando fala no afastamento dos veículos nas esquinas, em razão do alinhamento dos prédios, quando não for automóvel que é três metros os outros têm que ter dez metros. Mas a parte burra da administração colocou seis metros e a parte burra, que representa a administração aqui, aprovou seis metros e não aceitou a Emenda que colocava dez metros. Mas não estou preocupado com a parte burra, estou preocupado com a parte que desrespeita, não atende àquilo que propôs. Tenho vagas esperanças de que, agora em janeiro, o Secretário dos Transportes faça com que as coisas aconteçam na forma da lei proposta por ele. Parada dos lotações no momento em que julgarem correto e não colocarem placas de parada proibida, que entendia ele era a solução, mas não era, porque colocava num dia e alguém retirava no outro. E aí, talvez, o problema levantado pelo Ver. Mário Fraga, aqui desta tribuna, diminua, porque os lotações, ali na 24 de Outubro com a Dr. Timóteo, passam o sinal e param esquecendo que atrás deles tem uma corrente de trânsito muito grande e, às vezes, alguém pode ser atropelado, porque passando pela frente do lotação imagina que não vem um carro junto do lotação, e vem. Pode ser atropelado.

É claro, Ver. Mário Fraga, tem que haver uma sinalização diferente, faixas de segurança melhor colocadas, tempo de sinaleira reestudado, porque é isso que tem que acontecer. Já que poderia ter havido um alargamento da 24 de Outubro desde a Nova Iorque até a Dr. Timóteo, equacionado todos os problemas da Av. 24 de Outubro, mas a douta Administração não resolveu. Há três anos eu fui lá dizer ao Prefeito que ele poderia alargar a Av. 24 de Outubro, a Av. Nova York e a Rua Dr. Timóteo sem desapropriação. Só que agora não pode mais, porque, na Av. Nova York, ilegalmente, deixaram avançar na calçada três lojas.

A Câmara, às vezes, me preocupa, porque não leva as coisas até os devidos fins. A Câmara não pune, não responsabiliza, pois é muito generosa, mas a Câmara é punida pelo Executivo.

Eu demonstrei com dados, datas, que o prédio foi vistoriado em fevereiro de 1993, e que a construção foi licenciada em setembro de 1993. Eu já estava alertando que, antes de julho de 1993, estavam invadindo os passeios. São coisas da Administração que me deixam preocupado.

 Essa mesma Administração que, ontem, colocou um edital com propaganda mais uma vez. O dinheiro do povo servindo, mais uma vez, para promover a Administração da Prefeitura. Espero que, quando fizerem o que consta naquele edital, não façam a burrice de fresar as nossas avenidas asfaltadas, para repor o asfalto dias depois. Já que está organizando, que façam a fresa com o asfaltamento na seqüência. Já alertei isso ao Secretário de Obras e Viação. Eu sei que dá para fazer, e assim deve ser feito.

Gostaria que a Prefeitura não terminasse o ano sem completar a pavimentação da Av. Cristóvão Colombo. Será que eles têm alguma restrição a algum morador da Av. Cristóvão Colombo, ou alguém que, eventualmente, por ali passa? Eles repavimentaram, aproximadamente, três quilômetros num belíssimo trabalho, mas deixaram cento e cinqüenta metros da Rua Coronel Bordini até a Rua Nova York. Deve ser alguma má vontade com algum morador dali. Martin Aranha tinha escritório lá, ou pode ser comigo que passo lá ou então deve ser aquilo que penso, que é burrice mesmo, como também fizeram na Benjamin Constante.

Espero que nesse edital que colocaram ontem e hoje, com altos custos para a municipalidade, que poderia pagar a Taxa de Iluminação, poderia pagar a iluminação da Cidade com essa publicidade, colocando o edital nos termos em que deve ser colocado um edital, todos os jornais trazem a propaganda da Prefeitura que é a grande tapadora de buracos - mas têm buracos em toda a Cidade. Ali, na Bordini com a 24 de Outubro tem um, é claro que não tem 20m, Ver. Mário Fraga, mas tem 50 cm de boca, de repente, alguém vai desviar, porque não quer quebrar um amortecedor ou furar um pneu, e bate num outro carro ou atropela uma pessoa.

Faz tempo que eu venho reclamando daquilo lá, e igual aquele tem em toda a Cidade que tem cordões pintados, e sem dúvida nenhuma, que deve ter muito dinheiro para pintar cordões e não tapar buracos, para comprar prédios ilegalmente - e a Câmara não fez nada ainda, só decidiu no Plenário que deveria ter autorização legislativa. Até então não temos nenhuma medida tomada - eu já pedi no Processo, eu tomei conhecimento oficialmente do Parecer da posição do Plenário - , que haja seqüência.

Temos aí uma série de pequenos problemas que poderiam ser resolvidos com os gastos publicitários de forma incorreta. Edital é edital, não é propaganda. Agora, pode-se fazer propaganda com edital, sim, enche-se uma página com vários editais e lá em cima coloca Prefeitura Municipal de Porto Alegre e mais o que quiser. Aí eles olham: é, estão trabalhando, têm 16 editais nesta página. É uma beleza! Mas 1/4 de página ou mais para dizer que vão asfaltar, isso é brincadeira!

Então, quero que as coisas funcionem bem para a Cidade, não é para mim e nem para os Vereadores. Mas acho que as coisas não são tão fáceis para uma Administração que é absolutamente teimosa e que vai continuar gastando o dinheiro do povo, não em iluminação para a Cidade, mas em propaganda. O Tribunal de Contas já colocou bem as condições, as situações e as confusões que têm havido nessa propaganda prefeitural; os reclames da Prefeitura - nos bons tempos a gente dizia reclame e hoje diz publicidade. Mas é reclame mesmo, não é, Ver. Nereu D'Ávila, uma palavra bonita. Eu também estou reclamando contra o mal uso do dinheiro do Município de Porto Alegre.

Vou receber nos próximos dias um trabalho da CUTHAB, um levantamento do magnífico prédio que foi todo desmanchado por dentro, até os pisos foram retirados, esquadrias; o INSS largou a bomba na mão da Prefeitura e comprou outro, em outro lugar. A Prefeitura que segundo diz tem que descentralizar o cone central, vai colocar lá a Secretaria de Educação e a Secretaria da Indústria e Comércio, se conseguirem recuperar o prédio, vai colocar lá duas secretarias de grande movimento, aonde não tem estacionamento, não têm as mínimas condições, porque centraliza mais, deixando na frente da SMOV, um prédio que tem as fundações lançadas e que deveria receber uma secretaria, ou talvez duas do Município, mas como sobra dinheiro nesta administração, tem dinheiro que não é brincadeira, em outubro tinha 52 milhões no sistema financeiro, não sei quanto terá no fim do ano, porque em novembro e dezembro a receita aumenta, a despesa a mais é o 13º salário, mas tudo vai melhorar porque vai entrar o bom-senso na cabeça deles e eles vão gastar decentemente o dinheiro do povo de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra. Ausente. Ver. Geraldo de Matos Filho. Ausente. O Ver. Darci Campani está com a palavra.

 

O SR. DARCI CAMPANI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou comentar rapidamente a intervenção do Ver. João Dib que me leva a pensar um pouco se esta Casa, nos seus debates, consegue traduzir a realidade que se encontra aí fora.

Uma administração que consegue eleger o seu sucessor, fato inédito na história da Cidade de Porto Alegre, e que quando entra no período eleitoral as pesquisas iniciais atestam a tese de uma terceira vitória em termos de reeleição para a Frente Popular, não pode ser tão burra, não pode ser tão incompetente, não pode administrar tão mal os recursos da Cidade. Então, eu acho que discursos com os adjetivos e com o clamor do Ver. João Dib não trazem para esta Casa o debate do que realmente acontece nas ruas, na vida da Cidade de Porto Alegre. Eu entendo que um Vereador de oposição, se fizer um discurso com palavras mais amenas, talvez não seja ouvido. Falar rigidamente faz parte do contexto parlamentar para que sejamos escutados pelo poder que está em mãos de outro partido. Nós, da bancada oposicionista, nos tranqüilizamos, porque a população de Porto Alegre vê a Cidade com outros olhos que não os do Ver. João Dib.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Darci Campani, realmente a população vê a Administração com outros olhos, vê como a administração da publicidade, a administração do reclame, da propaganda e de forma, às vezes, duvidosa, vide Relatório do Tribunal de Contas. Não fora esta publicidade, a Administração seria olhada de outra maneira. Não se consegue levar aos jornais, às rádios as reclamações que, aqui, se fazem.

Eu usei o termo burra, porque eu não posso entender que alguém pavimente quase 3 km, e muito bem pavimentado, elogiável, e deixe 150 metros, fazendo, inclusive, uma diferença de nível entre um pavimento e outro. Eu não posso entender, não é inteligente isso aí, como também não é inteligente começar a pavimentação da Benjamim Constant, parar e deixar uma buraqueira. Talvez eu tenha sido contundente quando disse Administração burra, porque, se fosse eu a fazer isso aí, não me diriam que eu era burro, me diriam outra coisa. Eu disse que é burra, mas eu gostaria que V. Exa. contestasse os elementos que me levaram a chamar a Administração de burra.

 

O SR. DARCI CAMPANI: Eu não contesto os elementos, apenas devemos procurar junto ao Executivo por que fez apenas esta parte da pavimentação. Olhando rapidamente, é bastante duvidoso, por que deixar 150 metros? Como eu já participei de reuniões do Orçamento Participativo, creio até que o Orçamento Participativo não deva ter posição fechada em relação a 150 metros na Cristóvão Colombo. Já participei de reuniões de Orçamento Participativo, aonde questão de 1 metro, dois, três, às vezes poucos metros, são discutidos, disputados em votação e, talvez, 150 metros, pode ser que não tenha tido orçamento para os 150 metros. Creio, V. Exa. tem razão, já se passa bastante tempo em relação ao início da obra, e já deveria ter tido, em algum momento, condições de ter concluído a obra, mas a Prefeitura também assume outros compromissos que a população insiste.

Ontem mesmo, indo para a Zona Sul de Porto Alegre, pude ver parte da pavimentação que se está fazendo para ligar o Lami pela Restinga, uma pavimentação de grande vulto, e a Prefeitura optou, não por fazer uma pavimentação em cima de uma rua que já estava com as pedras colocadas, a Cristóvão Colombo já tem há muito tempo as pedras colocadas, os recursos, por mais que se diga que existe bastante dinheiro, eles são limitados, talvez, a Prefeitura tenha optado entre fazer a estrada para o Lami e fazer 150 metros na Cristóvão Colombo, fazer mais metros para o Lami.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero dizer que o asfaltamento da Cristóvão Colombo foi uma solução inteligente, porque ao lado do Hospital Militar havia deslizamento fácil, quando havia chuva naqueles paralelepípedos. A Prefeitura colocou bem. Esse desnível não tem sentido, até porque o desnível poderia ser disfarçado sem empreiteira e sem ninguém. O funcionário chega ali nivela um metro de colocação de asfalto e pronto.

 

O SR. DARCI CAMPANI: Demonstra esse degrau que a obra deve continuar, só que deve estar faltando condições técnicas e financeiras. Procuraremos, junto ao Secretário da SMOV, a informação do porquê que foi interrompida e qual a previsão de continuidade da obra. Mas esse é um fato específico. Nós entendemos que a população de Porto Alegre dá a nota que dá à Prefeitura e à Administração Popular no seu segundo mandato, não apenas pelos editais colocados no jornal ou por publicidade oficial e obrigatória na maior parte delas. A Prefeitura inaugurou - antes, para cada obrinha era um edital específico, o que aumentava, no final, os gastos da Prefeitura com editais oficiais- , hoje, em edital melhor apresentado visualmente, um único edital licita várias obras. Creio que dia 03 de outubro do ano que vem estaremos provando que a nossa administração até comete erros, mas não é burra e sabe ter um relacionamento com a Cidade para atender aos seus anseios. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Artur Zanella está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acredito que nesta Reunião da Comissão Representativa, momento em que a Câmara de Vereadores também renova sua Direção, sua Mesa, parece interessante fazer uma análise sobre o ano legislativo, o que ocorreu no final do ano e a primeira idéia que surge é de que aprovamos, a toque de caixa, uma série de projetos que se arrastavam o ano inteiro e alguns deles sem estudo, sem análise profunda, e alguns deles para nada. Por exemplo, terrenos do Porto Seco. É uma pressa terrível, mas não se pode abrir licitação antes de aprovar um projeto de lei com o preço do terreno. Logo, antes de fevereiro ou com uma Convocação Extraordinária nada pode ocorrer, mas foi aquele atropelamento. Então, parece que devemos alterar algumas coisas, alterar o art. 81, Ver. Pedro Américo Leal, que é para proteger as minorias; aquele Vereador que tem uma bancada pequena, a bancada grande termina não votando os seus projetos, então, como uma alternativa, ele pede o art. 81. Acontece que quem pede o art. 81 são as bancadas grandes e atropelam no que dá.

Eu acho que a Comissão Representativa é uma boa parada. Não há quem agüente psicologicamente ficar onze meses aqui, fechado em uma sala. Então, aparecem algumas idéias novas. O nosso Presidente acredita que tem que ter 13º salário, férias de um mês, mas acho que a nossa atuação é diferente, porque se isto aqui fosse um emprego comum não precisava ter eleição, ver quem é que participa mais, ver quem faz mais discurso, quem apresenta mais projetos. E este continua, o outro não. Eu vejo aqui, na Ata do mês de julho, diz o seguinte: "Ver. Isaac Ainhorn comentou desempenho da Casa, durante os trabalhos da Comissão Representativa criticando o funcionamento da mesma durante o mês de julho." O Ver. Isaac desde que eu entrei nesta Casa tem um Projeto de Lei para terminar com a Comissão Representativa. Ele sabe que não vai ser aprovado o Projeto dele. Então como ele sabe que não vai ser aprovado ele apresenta. Eu tenho sugestões a este respeito, pois as pessoas que querem acabar com a Comissão Representativa têm que vir todos os dias aqui. Aqueles que não querem aumento de salário e que acham que ganham demais, não têm problema, devolvam. Doar, não, não tem este golpe de doar. Isso o PT faz muito lá na Assembléia. Ele doa, mas para a escola de formação do PT. Então eu vou doar, o que me sobra, para a Escola de Samba Estado Maior da Restinga, e passo por bonzinho.

O Ver. Isaac critica o funcionamento da Casa durante o mês de julho, só que o Ver. Isaac esteve aqui, agora, deu a presença e foi embora. E se auto-recessou.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu creio que é extremamente oportuna esta parada, nós não somos funcionários públicos, nós não somos funcionários da CLT, não temos carteira assinada; nós estamos aqui representando um segmento da sociedade e temos que visitar essas pessoas. No mês de julho eu não consigo ir a reuniões em lugar nenhum, pois eu sempre imagino que vai ter uma Sessão Extraordinária.

O Ver. Isaac adentra ao recinto. Não queria fazer esta provocação, mas sempre é bom vê-lo aqui. Alterar, quem sabe, o nosso Regimento, em algumas coisas. Por exemplo, que não precisa dez minutos para certas manifestações. É preciso dez minutos para discutir projeto. O que foi feito? Votaram aqui para ser menos, cinco minutos. E depois fica aquela história, o fulano vai falar se o outro ceder. Eu havia decidido não ceder tempo para ninguém, mas depois ficaria antipático e eu terminei não cumprindo aquilo a que eu havia me proposto. Na minha opinião, este ano foi extremamente importante para esta Casa e nós temos que nos preparar, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, para o grande debate do ano que vem, que é o estudo sobre as alterações do Plano Diretor. Vai cair nesta Casa um tijolo quente, um prato feito, vinte vezes pior do que os gastos autorizados pelo Orçamento Participativo.

Eu tenho lido nos jornais e tenho guardado uma série de coisas; eu sou um estudioso disso aí; sou, como diz o Ver. Clovis Ilgenfritz, um urbanista "ad hoc". Mas por que isso? Porque eu fiquei sete anos no Conselho Municipal do Plano Diretor e para entender o Plano Diretor não precisa ser arquiteto nem urbanista, tem que ter trabalho, tem que ter bom senso, tem que ter conhecimento em alguns pontos fundamentais. Mas vem para cá um prato feito e acho que temos que nos preparar para isso. Por exemplo, Ver. Pedro Américo Leal, a questão do aproveitamento dos terrenos. Um dos maiores absurdos que tem o atual Plano Diretor é a questão da altura dos prédios. A pessoa tem uma autorização para construir, como é o meu caso, dois andares. Aí fazem uma alteração daqui e dali e colocam de vizinho um prédio de 14 andares. Acho que devemos acabar com certos casuísmos do Plano Diretor.

Eu duvido que a maioria dos Vereadores saiba o que é uma Resolução Interpretativa. Eu duvido que algum Vereador saiba quantas Resoluções Interpretativas já foram feitas pelo Conselho Municipal do Plano Diretor! Trezentas e quatro. Tem um Vereador que sabe, o Ver. João Dib, ele diz que sempre sabe tudo. São trezentas e quatro alterações, que ninguém nesta Casa ficou sabendo, que interpretam da forma como é mais interessante naquele momento. Isso vale para todos. Já conheci um acordo judicial feito pela Prefeitura, um bom acordo, excelente acordo na Justiça dizendo para mudar o Plano Diretor e mudaram.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, temos que nos preparar, já conversei nestes dias com o Sr. Armando Burd que disse que tinha um trenzinho da alegria aqui por causa de uma Emenda minha, que permite a contratação de um técnico por Partido e um técnico por Comissão Permanente para estudar o Plano Diretor.

Nós vamos receber aqui um Projeto pronto feito num convênio entre a Prefeitura, a UFRGS, o Sindicato dos Empregados da Construção Civil, e o Sindicato dos Construtores. Este convênio, que por sinal não passou aqui na Casa, vai fazer o processo e aí vão entregar aqui e dizer: temos pressa, a Cidade não pode esperar, faz dois anos que estamos discutindo, temos que apressar, temos que aprovar.

Então, Sr. Presidente, ao cumprimentar a todos e cumprimentar o Ver. Isaac Ainhorn que foi indicado pelo meu partido como candidato a Presidente da Casa, quero cumprimentar a todos e dizer que no ano que vem, além das eleições teremos muito trabalho, especialmente nesta área do Plano Diretor. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra, em Comunicações.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dois assuntos me trazem à tribuna. Primeiro um comentário daquilo que na semana passada  abordei nesta tribuna quando aprovamos a Taxa de Iluminação para a população de Porto Alegre. Dizia para que serviria o dinheiro, apenas o povo de Porto Alegre vai pagar agora para os novos proprietários da CEEE, porque hoje vai-se consolidar aquilo que já se previa, que aconteceu com a CRT, vai-se consolidar com a CEEE, que é a sua privatização. E aí os defensores, os contrários ao neoliberalismo e os defensores das privatizações tudo mais, estarão felizes com o que vai acontecer. E nós aqui na Câmara, de forma talvez profundamente ingênua, vamos pegar o dinheiro do povo de Porto Alegre, vamos organizar as finanças da CEEE e vamos entregar ao capital privado, aos grandes magnatas e controladores do poder deste País e deste Estado, para que peguem então uma CEEE sem problemas.

E todos os municípios agora vão atrás de Porto Alegre. Ontem já me ligava o Presidente da Câmara de Vereadores de Santiago, colega do Ver. João Dib e do Ver. Pedro Américo Leal e já iam colocar lá, em caráter de emergência um projeto para criar a taxa de iluminação em Santiago. E agora vai se criar em todo o Estado do Rio Grande do Sul, e o povo do Rio Grande, com o grande exemplo que Porto Alegre deu e que a Câmara de Vereadores deu ao aprovar o projeto, vai sanar as dívidas da CEEE, vai pagar as reclamatórias trabalhistas da CEEE, vai tranqüilizar o Deputado Barbedo e o Sindicato dos Eletricitários. E aí vão privatizar, como se diz na linguagem popular, numa boa. O povo paga a conta mais uma vez, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre deu o grande exemplo e agora o processo neoliberal avança com o apoio do PT e de todos os partidos que entendem como positiva a caminhada neoliberal neste País. Só que depois não adianta vir à tribuna falar contra, não adianta vir à tribuna se queixar, fazer discursos, não adianta ir na Assembléia o PT, o PDT, seja lá quem for, fazer discurso contra o neoliberalismo e chegar aqui na Câmara e iniciar todo um processo de privatização da CEEE e de sanar as suas dívidas, de forma inadequada, errada, imoral, até. Nós é que vamos pagar, agora, as contas da CEEE. É o grande exemplo dado pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre que agora vai influenciar em todas as Câmaras de Vereadores do Rio Grande do Sul. Vai-se criar taxa de iluminação no Rio Grande inteiro e a CEEE vai ter os seus problemas resolvidos e os novos acionistas da CEEE que passarão a comandar a CEEE, garantirão os altos salários dos bons funcionários da CEEE, vão todos ficar tranqüilos com seus cargos, com sua alta remuneração, com seu alto padrão salarial e é bom ter alto padrão salarial, mas não dessa forma que parece-me leviana demais.

Quero deixar o registro que o Governo da Administração Popular inaugurou no Rio Grande do Sul o processo de privatização da CEEE de imoralidade, cobrando do povo aquilo que deixou de pagar com os impostos e agora todos estão felizes. Hoje será sacramentado na Assembléia Legislativa, será oficialmente consolidado e aprovado o projeto de privatização da CEEE. Eu acho que o Governador Brizola deve estar se retorcendo entristecido com todo esse processo. Já o Deputado Zambiasi vai acompanhar todos os partidos. Não aqueles que fazem duas conversas, mas sim uma só. Se são contra o neoliberalismo não podem, aqui na Câmara de Vereadores, aprovar esse tipo de Projeto. Quem aprovou esse tipo de Projeto, aqui na Câmara, deu o primeiro passo para todos. O PDT teve uma atitude muito correta. O partido da Frente Popular e o Prefeito Tarso Genro foi quem enviou o Projeto para a Câmara de Vereadores e o PDT teve uma postura correta. Todos foram contrários. Imagino a tristeza do Governador Brizola hoje vendo a CEEE, um dos grandes trabalhos para o povo do Rio Grande, ser destruída por um grupo considerado de esquerda, avançado, progressista, contra o neoliberalismo. O Ver. Pedro Américo Leal, por exemplo, tem sua postura. Que ele tenha votado a favor, está correto. Votou de acordo com a orientação partidária e acho isso correto.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu não votei de acordo com o meu Partido e sim com a minha consciência. Deveria fazer o voto e fiz. Até tive um apelo do Ver. João Dib, meu querido amigo, para que eu não votasse pela participação do meu Partido, através do meu voto, nessa façanha verdadeira que foi a conquista que tivemos.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Está certo, o Ver. Pedro Américo Leal votou, como disse, de acordo com a sua consciência. Mas o seu Partido defende essas linhas, essas linhas nacionais são defendidas pelo PTB, pelo PFL; agora, aqui a Câmara de Vereadores, nós demos o passo inicial para que todas as Câmaras de Vereadores do Rio Grande do Sul abrissem o mesmo procedimento, vão criar taxas de iluminação. Mas o povo já está acostumado a pagar, vai pagar mais essa taxa.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Haja vista que essa taxa vai possibilitar a iluminação da Cidade e a segurança é um problema que nos aflige, nós agora vamos ter a possibilidade de levar mais um bico de luz, é mais uma segurança que se coloca para o povo e foi isso que me fez fazer o voto que fiz. Fui coerente. Segurança é iluminação, iluminação é segurança.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Está correto Vereador, só que nós já pagamos impostos, desde criança eu tenho iluminação em Porto Alegre paga com os impostos que nós todos pagamos, que meus pais pagaram, que o Senhor pagou e que todos nós pagamos. Na verdade, nós sabemos que a iluminação pública já está paga nos impostos que nós temos pago, não precisava se criar um novo imposto para justificar isso. O Governo tinha que administrar corretamente as suas contas, não dar calote para que não acontecesse isso. Agora, é muito fácil chegar aqui e dizer que tem problema na Cidade e que tem que criar um imposto para resolver aquele problema. Assim nós vamos, pouco a pouco, transformando o Brasil naquilo que é hoje, um dos campeões de impostos no mundo inteiro. Fruto disso. E os impostos que nós arrecadamos? O ICMs, o IPI, o ISSQN e o Imposto Territorial e todos os outros, são para quê? São para dar justamente o que o povo precisa do Estado. Nós invertemos o processo aqui, cada problema que tivermos vamos criar um novo imposto. Daqui uns dias vamos criar um imposto para manter os presos nos presídios, um imposto especial para nos dar mais segurança, mais tranqüilidade. Depois vamos ter um imposto para poder tirar os excluídos das ruas e assim nós podemos criar "n" impostos com justificativas todas maravilhosas, só que nós já pagamos um conjunto de impostos em que tudo isso está previsto, por isso que não posso concordar. Hoje fiz questão de vir à tribuna, porque é uma data histórica. A CEEE vai ser privatizada, e vamos pagar para que os novos acionistas a recebam sem dívidas, sem problemas.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vou aproveitar a chance que o Prefeito me concedeu, quando da iluminação da Cidade, e vou ser um crítico, pois coloco que é fundamental essa possibilidade de iluminar a Cidade no que se refere à segurança pública. Serei um crítico contumaz.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Temos que ser um crítico contumaz da não-aplicação correta de todos os impostos. Tínhamos que ter sido mais fiscalizadores e não ter permitido que o Município devesse para a CEEE. Não exercemos corretamente o nosso papel de fiscalizadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra em tempo de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estava ouvindo um aparte do Ver. Darci Campani ao Ver. João Dib, quando foi dito da excelência da administração que temos em nosso Município.

Eu não poupei elogios ao Prefeito Tarso Genro, porque, mais uma vez, reafirmo a minha admiração. Só que não podemos esquecer que parte desse prestígio se deve a uma quantidade de propaganda que a Administração Popular tem a seu favor.

Existem determinados defeitos na Cidade que não aparecem à população. Não se consegue fazer com que a opinião pública tenha conhecimento daquilo que está acontecendo. Hoje temos ciência do que é positivo, em termos de administração pública; dos defeitos não temos, na verdade, nenhum tipo de notícia, porque os espaços estão tomados por aquela carga de publicidade positiva. Acho que é um mérito da Administração Popular conseguir tudo isso, porque ela consegue com a aprovação da Câmara. Este ano de 1996 a Administração Popular vai ter 0,7% do Orçamento com a aprovação nossa, da Câmara Municipal.

Eu recebi, exatamente na hora em que estávamos travando o debate, de um amigo morador da Zona Sul, da Cidade, uma reclamação e vou dar ciência ao Plenário e, quem sabe, os Vereadores petistas possam ter resposta para isso: estava a Av. Orleans em obras de canalização, por isso os ônibus que passavam pela Orleans foram desviados pela Santa Rita, Av. Guarujá, Av. Guenoas. Esta modificação de rota do transporte coletivo causou praticamente a destruição daquelas vias públicas. A Av. Guarujá é aquela onde fica localizada a Igreja Santa Rita; a dos Guenoas é uma rua muito comprida, que une, inclusive, dois bairros: o Espírito Santo e o Guarujá. Essas ruas estão sendo destruídas porque o transporte coletivo foi desviado para lá; as avenidas receberam um tráfego para o qual não estavam preparadas; terminadas as obras na Orleans, quando tudo estava normal, aquela população teve o dissabor de ter essas vias destruídas e ao reclamar para a Prefeitura Municipal não receberam nenhum tipo de resposta. Certamente estão esperando que o Orçamento Participativo possa dar os recursos necessários para que essas ruas possam ser recuperadas.

Ora, não adianta vestir um santo e desvestir o outro. Não adianta fazer a canalização da Orleans e deixar a Orleans em condições tanto de fornecimento de água, como recepção de esgotos e também preparada para o tráfego, quando, na verdade, as outras avenidas, que também são importantes para o Bairro Guarujá e para o Bairro Espírito Santo, que receberam uma carga tão grande de tráfego que, na verdade, não conseguiram permanecer nas condições que estavam. Esta é uma notícia que tem que vir ao conhecimento do público, da Administração Popular, até porque até agora os canais todos de comunicação foram utilizados na SMOV e nada foi utilizado para a recuperação desta pavimentação. Vou fornecer novamente o nome das ruas, Av. Santa Rita, Av. Guarujá, e a Rua dos Guenoas, completamente destruídas e até agora nenhum tipo de providência por parte da Administração Popular. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vim à Casa ainda impactado pela mídia porto-alegrense, especialmente sobre o comercial muito bem feito apresentado diariamente pela Rede Globo, de um bom gosto a toda prova, que fala de uma cidade maravilhosa que está sendo construída aqui em Porto Alegre. Fiquei preocupado, porque essa maravilhosa Cidade de Porto Alegre com uma hora de chuva quase que foi para as “cucuias”, ficou totalmente comprometida, mostrando que as suas funções vitais não funcionavam. Vim ouvir o Ver. Jocelin Azambuja que conseguiu me tirar deste raciocínio, estou vivendo a verdadeira história do "samba do crioulo doido", porque ele acusou a taxa de iluminação pública, aprovada por esta Casa, como mais uma manifestação do neoliberalismo no Brasil.

Ora, o Ver. Jocelin Azambuja, que é de um grande partido nacional, o glorioso Partido Trabalhista Brasileiro, de grandes tradições, que tem na sua presidência um grande homem público, um destacado empresário brasileiro, hoje Ministro de Estado, não pode desconhecer que a postura neoliberal é exatamente aquela que fez eu me violentar, na última sexta-feira, e votar contra o Projeto de Lei que o Município patrocinava e que tinha vários associados, me fez votar contra, porque sou contra esta proliferação de tributos que têm ocorrido no País. Às vezes, eu fico pensando, ter aliados como estes, para que ter inimigos? Defender uma posição mal defendida é preferível não defender. Se faz um discurso, se mistura um processo que está na Assembléia Legislativa, se confunde créditos da CEEE com débitos da CEEE e se pretende com isso impressionar algum incauto que não esteja acompanhando efetivamente os acontecimentos.

Eu tenho razoável conhecimento, porque não tenho que ter o pleno conhecimento dos Projetos que tramitam na Assembléia Legislativa do Estado, mas sei perfeitamente bem o que está sendo votado, hoje, na Assembléia Legislativa do Estado e, em nenhum momento, o Estado perde o comando acionário da CEEE, que está autorizado, a partir de hoje, se aprovado o Projeto de Lei. Vereador, devo dizer, claramente, os Projetos de Lei que o Governo Britto tem aprovado, e não são poucos, são dignos da sensibilidade do seu Partido, que tenho acompanhado em várias ocasiões. Não vamos aumentar “o samba do crioulo doido”, as coisas que estão acontecendo, hoje, no Rio Grande do Sul são as coisas consensadas por um bloco de partidos políticos, do qual o meu não está fora, ainda que por circunstâncias não vote na Assembléia Legislativa do Estado, e, também, o do Ver. Jocelin Azambuja não está fora.

Então, o que está acontecendo, hoje, na Assembléia Legislativa do Estado, é algo que foi tentado de alguma forma pelo Governo anterior e que teve resistências muito fortes, é a famosa capitalização da Companhia Estadual de Energia Elétrica, com o Governo do Estado, mantendo o mínimo de 51% do seu controle. Então, está muito longe do que falou o Ver. Jocelin Azambuja, segundo o qual, neste dia estaria sendo iniciada a privatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica. Pode ser que esteja se iniciando, no máximo, um processo de mudança do novo quadro de composição da estrutura acionária dos órgãos que, no Brasil, distribuem, produzem e comercializam energia elétrica.

 

O Sr. Dilamar Machado: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Dentro do raciocínio de V. Exa., eu quero lembrar ao companheiro Jocelin Azambuja, talvez seja surpresa para muitos, não para V. Exa. que é um parlamentar atento, que um dos maiores símbolos estatais do nosso Estado, a Caixa Econômica Estadual e o BANRISUL, que hoje compõem o chamado Sistema Financeiro Único do Estado, têm 51% das ações do Banco do Estado. Isso não quebrou o BANRISUL e nem tirou dele a condição de banco estatal. Eu concordo com V. Exa., o aporte de capital acionário à CEEE, mantido o controle da Companhia pelo Estado, parece-me extremamente salutar. Não tem nada de neoliberal, nem de anárquico. É uma atitude inteligente do Governo. O Governador Collares tentou. Não conseguiu, porque não tinha todo esse apoio parlamentar que o Governador Britto tem.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Fico grato a V. Exa. Sei que V. Exa. concordaria comigo. Se isso é neoliberalismo, então o neoliberalismo não é uma coisa má. É uma coisa inteligente. Socorro-me muito nas horas de definição, do ditado: estamos vivendo o "samba do crioulo doido". São confusões de conceitos. Qualquer coisa é decorrência ainda dos jurássicos, que estão antes do Muro de Berlim, ou são coisas dos neoliberais. Estão perdendo o espírito crítico. Não se está discutindo as coisas como devem ser discutidas. Hoje vejo pessoas altamente bem posicionadas em termos de conceitos filosóficos, que dizem que temos que reformar a estrutura do Estado que está viciada. Em muita coisa o Governador Alceu Collares trombou com alguns conceitos que estavam enraizados, e que ele não conseguiu desdobrar. Mas como a coisa é um processo, volta a ser rediscutida.

Hoje, pela circunstância de o Governador Britto ter uma boa convivência parlamentar e obter os votos necessários a que alguns projetos caminhem, discute-se na Assembléia Legislativa, não a conveniência de ser aberto o capital da CEEE, mudando uma Lei que hoje impede a CEEE de vender suas ações a não ser para órgãos públicos, o único comprador de ações da CEEE hoje, pela lei existente, tem que ser órgão público. Quero dizer claramente que ninguém está imaginando que amanhã vão botar as ações da CEEE à venda, e vai haver uma fila em frente à Empresa para comprar as ações. Não vai haver nada disso. Isso é um mecanismo para se compor determinadas situações, para se ter maior presença da ELETROBRÁS no grupo acionário da CEEE. Inclusive é para compor, com os funcionários, dívidas antigas que tem. É para transformar a Fundação da CEEE em uma das suas acionistas e assim por diante. Então, é lógico que se tratando de um assunto da maior estatal do Rio Grande do Sul tenhamos que ter cuidado, mas não vamos discutir esse assunto de forma irresponsável, dizendo coisas inadequadas porque ao invés de defendermos o nosso ponto de vista estamos prejudicando, estamos afundando as nossas posições e comprometendo qualquer projeto sério que queira se desenvolver em torno deste ou daquele assunto. Ver. Luiz Braz, V. Exa. é o exemplo do Vereador equilibrado e responsável pelas coisas que diz. Muito me honra o seu aparte.

 

O Sr. Luiz Braz: Ver. Pujol, aquela linha estatizante do passado cedeu, na verdade, lugar a uma nova filosofia de administração pública. Não significa que nós cedamos à filosofia neoliberal. Acontece que não podemos fechar os olhos para as modificações que não apenas aqui se fazem, mas que acontecem no mundo inteiro. Por exemplo, esta abertura de capital tanto no caso da CRT como no caso da CEEE, o nosso Partido na Assembléia se filiou porque, no nosso modo de entender, era a melhor forma de se fazer com que aquelas empresas pudessem estar participando ativamente deste momento nacional. Eu acho que o nosso Partido prestou uma grande colaboração ao dar seus votos para que essa abertura de capital pudesse se dar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu não tenho a menor dúvida quanto a este particular, inclusive o mundo está repleto de exemplos neste sentido. O François Mitterrand, Presidente da França por longos anos produziu essas parcerias dentro do socialismo francês e nem por isso ele foi excomungado pelas suas idéias socialistas. Quer dizer, a forma inflexível com que as pessoas até um tempo atrás diziam, eu sou socialista, ou sou liberal - que impedia que elas assumissem posturas que aqui ou acolá o fato recomendasse, por favorável -, está superada, é uma página virada da história. Hoje temos que enfrentar os assuntos com criatividade e inteligência, senão...  Ver. Edi Morelli, eu fico impedido de lhe dar o aparte, mas lhe darei, com a concordância do Presidente.

 

O Sr. Edi Morelli: Só queria lhe fazer uma pergunta. Depois daquele elogio do Ver. Reginaldo Pujol para o Ver. Luiz Braz, quem está indo para onde, o Braz para o PFL ou o Reginaldo para o PTB?

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Quero dizer, e eu aprendi com os mais velhos, que o bom é que a gente tenha nas outras siglas bons valores. Se tem com quem dialogar, se tem com quem consertar as coisas, e, felizmente esta Casa é rica de bons exemplos. Eu citei o Ver. Braz como poderia citar outros companheiros, mas enfatizo o exemplo, é um leal integrante da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro, é um moderno que entende a realidade e defende posturas adequadas com o seu Partido. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nossa saudação especial ao Presidente Airto Ferronato, aos Senhores Vereadores que neste momento se fazem presentes e aos outros que estão na Casa e que estão trabalhando e que revelam um ano profícuo de trabalho nesta Casa. Há pouco eu conversava com o Presidente da Casa e ele me relatava que foram recebidos e apreciados, aproximadamente, oitenta projetos oriundos do Executivo e mais de cento e quarenta projetos do Legislativo, independente de outras proposições e medidas, pedidos de providências, pedidos de informações, indicações que nasceram aqui na Casa. Portanto foi um ano ativo, profícuo e que revela uma legislatura de muito dinamismo. Nós gostaríamos de dizer que esta Casa tem uma peculiaridade em relação, praticamente, a todas as casas legislativas deste País. Nós notamos que se fosse necessário quórum para alguma atividade extraordinária, ao final do ano de 1995, tranqüilamente, hoje, teríamos aqui os Vereadores necessários. Trabalhamos com absoluta tranqüilidade na Comissão Representativa e por aqui, entre Vereadores Titulares e Suplentes da Comissão, já passaram mais de vinte Vereadores no dia de hoje.

Nós fomos convocados para uma Sessão Legislativa Extraordinária por três dias para examinarmos 27  projetos e com uma peculiaridade que faz com que esta Casa seja singular no contexto dos demais legislativos deste País, independentemente de se autoconvocar ou de ser convocada pelo chefe do Executivo, o Sr. Prefeito Municipal, os Vereadores não recebem por este trabalho nenhum plus a mais, é o seu subsídio. E nós sabemos hoje a estrutura geral de achatamento de salários em todo o País. Então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós gostaríamos de fazer esse registro, até porque quando se tem um Projeto tramitando, o que se faz necessário é que não seja enfiado goela abaixo da Casa para ser examinado. Os Projetos têm que ser amadurecidos, sobretudo quando importam em grandes mudanças. Nós acreditamos que esta Casa, na forma como está funcionando, encontra-se atendendo plenamente as necessidades da Cidade. Acredito que no ano que resta a esta legislatura, e nos próximos anos, o Poder Legislativo Municipal terá uma enorme responsabilidade coordenando e desenvolvendo um trabalho de uma participação cada vez mais intensa da comunidade na resolução e nos destinos da Cidade.

Eu acredito que o Poder Legislativo tem um enorme papel a desempenhar, sobretudo até pela estrutura física que hoje a Câmara de Vereadores da Cidade de Porto Alegre é dotada, onde pode realizar inúmeras reuniões e atividades nos espaços físicos que possui. Eu acredito que aqui é o grande conselho da Cidade, pois ela pode ouvir, de forma interativa, as demais estruturas e as manifestações da sociedade, quer sejam através do movimento comunitário, quer sejam através dos organismos de estrutura de classe, ou seja, de todo o contexto da sociedade civil. Aí é que vem o papel importante desta Câmara de Vereadores, que tem mais de 200 anos e vai se perpetuar tranqüilamente por mais 200 anos, porque não se descobriu, na estrutura dos poderes, naquela célebre divisão de poderes de Montesquieu, nada melhor do que o sistema da harmonia e da independência entre os poderes. Nós podemos ter problemas nos legislativos brasileiros e outros legislativos, mas, inegavelmente, ninguém descobriu melhor estrutura de funcionamento do que esta que existe nos regimes democráticos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Dilamar Machado está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dentre outras obrigações, trabalhos, nos objetivos de um Vereador, parece que um dos mais importantes é cuidar da Cidade que vive, que representa, até porque, regimental e constitucionalmente, o Vereador é obrigado a ter o domicílio na Cidade em que exerce o mandato.

Porto Alegre é uma Cidade de um centro absolutamente inadequado a uma cidade que quer ser grande. Culpo também a Administração do Partido dos Trabalhadores, mas as anteriores tiveram também equívocos ou desprezo pelo Centro de Porto Alegre que hoje é esclerosado, poluído. O sistema viário, inadequado, sem nenhum atrativo para a população que mora nos bairros e que está, paulatinamente, transformando Porto Alegre em várias cidades: Porto Alegre do Menino Deus; Porto Alegre do Bom Fim; Porto Alegre da Restinga, do Partenon, da Bela Vista. Enfim, são várias cidades dentro de uma só, porque o Centro de Porto Alegre é inadequado.

Recentemente, fiz uma viagem rápida a Nova York. Uma das minhas preocupações foi ver de perto, Ver. Campani, o que conhecia de ouvir falar: as tantas atrações que Nova York tem, até porque é uma cidade planejada, com avenidas e ruas numeradas. É impossível a pessoa se perder em Nova York, a não ser que seja totalmente estúpida.

Nova York cria atrações, como por exemplo, o Píer 17. E, aqui, volto a um velho sonho meu de ver o Centro da Cidade recuperado, primeiro, limpando a Av. Salgado Filho, restaurando a vida na Av. Borges de Medeiros, na Rua da Praia e utilizando a faixa portuária, apesar do muro, como a Prefeitura de Nova York fez com o Píer 17. Ali, permaneci durante metade de um dia, parte da manhã e parte da tarde, são milhares de turistas que afluem ao Píer 17, fica junto ao velho porto da cidade, junto à Ponte do Brooklin. Centenas de lojas de artesanato, de artigos femininos, de brinquedos, de alimentação, e um shopping, Ver. Dib, climatizado, junto a uma bela paisagem, e que atrai, com segurança, com elegância e com resultado de animação urbana milhares de pessoas diariamente. Acredito que seja uma excelente fonte de renda para a Prefeitura e também fonte de trabalho para centenas de pessoas que ali passam o dia trabalhando.

Se nós chegarmos na Av. Mauá agora, atravessarmos o muro e olharmos para a faixa portuária de Porto Alegre, vamos encontrar o que, Ver. Dib? Um deserto, inútil. Nós temos uma rua, uma Avenida que é a Mauá, cortada pelo Muro da Mauá. Nós temos um Largo, Edgar Schneider, tudo ali, morto, inutilizado. Nós temos um acesso, através de um túnel, ao Mercado Público, túnel da TRENSURB, que a maioria da população de Porto Alegre não sabe que aquilo existe, até porque não há segurança. Veja, Ver. Darci Campani, V. Exa. que aqui representa, neste momento, a Bancada do Governo, o Governo do Estado se interessando pelo problema com projetos, projetos antigos. Eu lembro o tempo do Prefeito Collares e depois do Governador Collares, havia um projeto chamado Porto das Américas, que era um projeto, a exemplo do que ocorre com Píer 17 de Nova York, e o Píer 52 do Porto de Buenos Aires, e outras cidades que usam seus velhos portos para transformá-los em pontos de atração turística e de animação da vida da cidade.

Eu gostaria, muitas vezes me oponho a projetos da Prefeitura, outras vezes apóio, mas gostaria de ver, no ano que vem, projetos que o Prefeito manda, alguns interessantes, outros demagógicos, outros equivocados, que o Prefeito mandasse um projeto para esta Casa estudar o reaproveitamento da faixa portuária, obviamente que sem inutilizar o que ainda resta do movimento de navegação que é mínimo, mas que existe ainda através do DEPRC, para que nós pudéssemos transformar essa faixa do Cais do Porto, ali, atrás do Mercado, efetivamente, em um grande ponto de atração turística com lojas de alimentos, artesanato. Nós poderíamos, Ver. Campani, retirar, num projeto só, do calçadão da Rua Voluntários, da Rua Vigário José Inácio, os camelôs, etc. Uma senhora de família, uma senhora de bem, uma operária, uma professora, uma comerciária, não tem condições de transitar pela Rua Vigário José Inácio no trecho entre Av. Otávio Rocha e a Rua da Praia, porque aquilo é um mercado persa, sem ofensa ao povo persa. É intransitável. E quantas são as pessoas que estão ali com seus carros de camelôs? Trinta? Um armazém do Porto dá para abrigar 200, 300 artesãos. E mesmo camelôs, vendedores de quinquilharias, eu respeito a necessidade das pessoas de sobrevivência, hoje com esses artigos fabricados em Taiwan, se vende de tudo. Eu tenho no pulso um dos relógio mais bonitos que já vi. Eu paguei dez dólares por ele. Perguntei para a moça qual era a garantia e ela disse que eu podia ficar 24 anos com ele. Já passou mais de uma semana e está funcionando ainda.

 

O Sr. João Dib: Por que não trouxe um para mim?

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Eu não faria essa ofensa ao amigo Dib trazendo um relógio de dez dólares; eu traria um de dez mil dólares, se pudesse fazê-lo.

Então, não adianta, eu, como Vereador, apresentar um projeto desta ordem, porque haverá implicações. Quero repetir ao Ver. Campani, sem qualquer ofensa, V. Exa. será meu porta-voz ao seu Governo, que há um convênio assinado pelo seu companheiro Olívio Dutra e pelo Governador Alceu Collares, à época, um protocolo de intenções e aproveitamento da faixa portuária para despoluir a Av.  Salgado Filho, para despoluir a Av. Borges de Medeiros. Foi na época do Prefeito Vilella, quando o Ver. Dib era Secretário, que foi interrompido o trânsito. Acho que naquela época tiveram a melhor das intenções e o povo aplaudiu, mas acho que hoje recuperar o trânsito da Borges de Medeiros, quando se pensa em Rua 24 horas, quando se tem o Largo Glênio Peres, quando se recupera o Mercado, quando se pode criar um projeto para o Cais do Porto, acho que seria interessante recuperar o trânsito da Av. Borges de Medeiros. Isso daria mais segurança, recuperaria o comércio da Rua da Praia que está hoje, também combalido, com várias e grandes empresas quebradas e fechadas transformando a nossa Rua da Praia, que era o cartão de visitas de Porto Alegre, numa "Wall Street" tupiniquim, ainda se fosse uma "Wall Street", tudo bem, mas são pequenas entidades financeiras, algumas até meio caça-níqueis.

Gostaria de ver 1996 com a Prefeitura encaminhando um projeto ou, então, fazendo aquilo que o PT gosta tanto de fazer, abrindo uma grande discussão, um grande debate com a cidadania, vamos chamar a comunidade para discutir. Eu não tenho a menor dúvida, Srs. Vereadores, o aproveitamento da faixa portuária com projeto tipo "Píer 17" ou "Píer 52", de Buenos Aires, só traria benefícios para Porto Alegre, daria centenas ou milhares de empregos, recuperaria o Centro da Cidade e daria um pouco mais de razão para que as pessoas que transitam por Porto Alegre, não apenas buscassem um hotel para dormir e saíssem no primeiro vôo ou no primeiro ônibus, mas que permanecessem mais 24 ou 48 horas na Cidade. É assim que uma cidade se desenvolve e o turismo, a nossa famosa indústria sem chaminés, poderia ser com cuidado, com carinho, através da EPATUR, da CRTUR, da Secretaria de Turismo do Estado, uma nova e espetacular fonte de renda para Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais oradores inscritos, estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Reunião às 11h14min.)

 

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